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Luiz Mott: Rosa Egipcíaca, uma santa africana no Brasil (1993)

Fichamento por: Daniel Medeiros Padovani, 2/6/2023.
Rosa Egipcíaca: Uma santa africana no Brasil é uma biografia da escrava e religiosa católica Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz (1719-1771), escrita pelo escritor brasileiro Luiz Mott, publicado originalmente no Brasil em 1993 pela editora Bertrand. | Álbum de Capas do Autor

Este livro conta uma história tão fantástica que, se não existissem os documentos comprobatórios, passaria por ficção. Trata-se da biografia de uma ex-escravizada africana que viveu entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro na primeira metade do século XVIII. Rosa Egipcíaca foi quem narrou, ao ser presa pela Inquisição em Lisboa, os detalhes de sua vida pregressa. Pilhada na Costa de Uidá aos seis anos, foi vendida como escrava no Brasil, em 1728. Aqui, viveu dez anos como prostituta, até que seu "Espírito" começou a se manifestar e ela se proclamou Esposa da Santíssima Trindade. Acusada de feitiçaria, fugiu para o Rio de Janeiro, onde fundou o Recolhimento de Nossa Senhora do Parto, congregando dezenas de madalenas arrependidas, algumas negras. Ali o tratamento foi outro. Membros do alto clero, doidos por uma santa para chamar de sua, alçaram Rosa ao título de Flor do Rio de Janeiro, o que não a protegeu quando, novamente denunciada, foi presa aos cárceres secretos da Santa Inquisição, em Lisboa. [fonte: contracapa da edição de 2023, Companhia das Letras] 


Rosa Egipcíaca | Subtítulo: Uma santa africana no Brasil | Luiz Mott | Editora: Companhia das Letras | Abril 2023 |Rosa Egipcíaca | Subtítulo: Uma santa africana no Brasil | Luiz Mott | Editora: Companhia das Letras | Abril 2023 | Contracapa |
Rosa Egipcíaca | Subtítulo: Uma santa africana no Brasil | Luiz Mott | Editora: Companhia das Letras | Abril 2023 | ISBN: 978-65-5921-505-8 | eISBN: 978-65-5921-553-9 | Capa: Fernanda Ficher | Prefácio: Introdução (por Luiz Mott) | Prefácio: Nota introdutória a esta edição (por Luiz Mott) | Dados Biográficos: Sobre o autor | Dados Bibliográficos: Referências Bibliográficas | Dados Bibliográficos: Créditos das imagens | Conteúdo Adicional: Caderno de Imagens | Conteúdo Adicional: Notas | 
Nota: Essa edição teve o último capítulo ampliado, com informações inéditas sobre os últimos dias de vida de Rosa Egipicíaca. [fonte: Companhia das Letras]

Rosa Egipcíaca | Subtítulo: Uma santa africana no Brasil | Luiz Mott | Editora: Bertrand Brasil| 1993 | ISBN: 978-85-286-0171-8 | Capa: - | Prefácio: Introdução (por Luiz Mott) |
Rosa Egipcíaca | Subtítulo: Uma Santa Africana no Brasil | Luiz Mott | Editora: Bertrand Brasil| 1993 | ISBN: 978-85-286-0171-8 | Capa: - | Prefácio: Introdução (por Luiz Mott) |  Dados Bibliográficos: Referências Bibliográficas | Dados Bibliográficos: Créditos das imagens | Conteúdo Adicional: Caderno de Imagens | Conteúdo Adicional: Notas |

Outras informações:

Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz
Rosa Egipcíaca
crédito: Nova Brasil FM
Em 1725, aportava no Brasil uma jovem de seis anos que fora escravizada e trazida à força da Costa de Uidá, Nigéria. Vendida na rua Direita, no Rio de Janeiro, foi batizada com o nome de Rosa e estuprada por seu comprador. Passados oito anos, é obrigada a deixar a capital fluminense e seguir para Minas Gerais, numa freguesia próxima à vila de Mariana, onde serviria à família Durão. Lá, se prostituiu por quinze anos até ter os primeiros acessos diabólicos, sofrendo uma série de exorcismos. Em meio a essas sessões, deu-se sua conversão a uma vida voltada ao estudo e à devoção à doutrina católica. Daí por diante, sua rotina de visões místicas e manifestações dos sete espíritos que a possuíam só aumentava. Trabalho primoroso de Luiz Mott, esta é a biografia de uma ex-escravizada negra que, em pleno Barroco brasileiro, chegou a ser considerada por alguns como "a maior santa do céu". Figura ímpar de nossa história, foi também a primeira escritora negra do país. [fonte: Companhia das Letras] 

Em seu artigo "Corpo Negro: Entre a história e a ficção. O caso de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, a mestra Rosely Santos Guimarães escreveu: "Luiz Mott pesquisou a vida da escrava Rosa nos arquivos da Inquisição Portuguesa, na Torre do Tombo de Lisboa, e descobriu que Rosa veio para o Brasil no tráfico de escravos em 1725. Ela era da Costa da Mina, nação courana, e desembarcou no Rio de Janeiro aos seis anos de idade. (...) Segundo o autor, como os outros escravos, assim que chegou ao Rio de Janeiro, Rosa foi vendida como mercadoria. Naquela cidade, viveu até os quatorze anos de idade e, depois de ser violentada por seu proprietário, foi vendida para outro senhor residente em Minas Gerais, onde viveu aproximadamente duas décadas como meretriz. A partir daí, a escrava declara que começa a ter visões místicas, o que a leva a abandonar a prostituição e a se tornar beata. Devido à divulgação de suas possessões e visões, a escrava foi examinada por uma junta de teólogos e exorcistas, sendo considerada embusteira e, por isso, açoitada no pelourinho de Mariana em 1749. Temendo por novas represálias, decidiu voltar para o Rio de Janeiro, levada por seu confessor, ex-exorcista e co-proprietário, Padre Francisco Gonçalves Lopes, conhecido como Xota-Diabos. No Rio de Janeiro, os dois fundaram o Recolhimento do Parto em 1751. Rosa passou a ter devotos, inclusive entre o clero. Através de suas declarações escritas, sabe-se que aprendeu a ler e escrever com mais de trinta anos, obrigada por visão celestial, e escreveu um livro, de acordo com Mott, o mais antigo do Brasil-Colônia escrito por uma mulher negra. O antropólogo afirma que o livro possuía mais de duzentas páginas, versava sobre as visões e pensamentos de Rosa e tinha o título de Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas. Em 1763, a escrava foi acusada de heresia e falsa santidade, tendo seu confessor destruído o livro para que a Santa Inquisição não tivesse provas contra Rosa. No entanto, restaram algumas folhas originais do livro." [fonte: Em Tese]

Outro livro sobre Rosa Egipcíaca, mas como personagem fictício, é o romance Rosa Maria Egipcíaca de Vera Cruz: A incrível trajetória de uma princesa negra entre a prostituição e a santidade (1997), da escritora brasileira Heloísa Maranhão.

Dedicatória: Ofereço este livro a meus pais, Leone Mott e Odette de Barros Mott, e as minhas filhas, Míua Tanabe Mott e Tamí Mott. [fonte: Introdução, edição de 2023, Companhia das Letras]

Capítulos (25):
 1 | Os primeiros anos no cativeiro
 2 | Mulher da vida em Minas Gerais
 3 | Encontro com o padre Xota-Diabos
 4 | Visões e atribulações de uma endemoniada
 5 | Açoites no pelourinho de Mariana
 6 | Prova de fogo
 7 | Mudança de nome: Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz
 8 | Viagem para o litoral
 9 | No Rio de Janeiro em 1751
10 | Sob a orientação espiritual dos franciscanos
11 | Fundação do Recolhimento do Parto
12 | As primeiras recolhidas
13 | Visão dos Sagrados Corações
14 | Reflexos do terremoto de Lisboa na América portuguesa
15 | Formação de noviças
16 | Expulsão do recolhimento
17 | A profecia do dilúvio
18 | A vida no Sacro Colégio
19 | As quatro evangelistas e o Diabo
20 | Rosa mística
21 | Rituais de adoração
22 | A grande viagem e casamento com d. Sebastião
23 | Prisão e sumário no Auditório Eclesiástico do Rio de Janeiro
24 | No Tribunal do Santo Ofício de Lisboa
25 | Julgamento do padre Xota-Diabos
     | Epílogo 
[fonte: Sumário, edição de 2023, Companhia das Letras]

Em 2023, a escola de samba niteroiense Unidos do Viradouro apresentou em seu desfile de Carnaval no Grupo Especial da cidade de Rio de Janeiro, o samba-enredo "Rosa Maria Egipcíaca", do carnavalesco Tarcísio Zanon, consagrando-se como vice campeã do Carnaval carioca daquele ano. [fonte: Veja]

Fontes:

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