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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Pedro Bandeira: De Piolho a Garrote (1984) | Na colmeia do inferno (1991) | De punhos cerrados (2005) | Garrote, menino coragem (2009)

Fichamento por: Daniel Medeiros Padovani, 19/09/2025.
De Piolho a Garrote é um livro juvenil de formação do escritor brasileiro Pedro Bandeira, publicado originalmente no Brasil em 1984 pela editora Atual. Durante suas diversas edições ao longo dos anos, o livro teve seu título alterado por três vezes, trazendo algumas alterações e acréscimos na narrativa. Os títulos que a obra recebeu em edições posteriores foram: Na colmeia do inferno (em 1991), De punhos cerrados (em 2005) e Garrote, menino coragem (em 2009). | Álbum de Capas do Autor |

De repente órfão, o jovem Eduardo tem de mudar-se da cidade grande para a Fazenda do Encantado, em meio a cavalos xucros, ao pó vermelho do cerrado goiano, e à violência da vida controlada pela abelha rainha daquela colmeia infernal, sua avó Nhá Nana, uma mulher dura, uma tirana, para quem a vida dos outros nada valia, comparada às necessidades da fazenda. Em sua luta para impedir que a violência de Nhá Nana o dominasse, Eduardo tinha de agir de punhos cerrados, com a coragem de um jovem touro, de um garrote... Para apoiá-lo, para dar-lhe forças para essa imensa batalha, havia a dedicação de um velho vaqueiro, o velho das gargalhadas, o velho que pairava em sua volta como um anjo da guarda e... e havia o amor de Ritinha, a garota que tinha a pureza daquela terra, o sorriso ingênuo daquela região cheia de sol, e o cheiro agreste das flores do cerrado brasileiro.
[fonte: site da editora Moderna]

Capa do livro Garrote, menino coragem, de Pedro Bandeira (Editora Moderna, 2009)Contracapa do livro Garrote, menino coragem, de Pedro Bandeira (Editora Moderna, 2009)
Garrote, menino coragem | Pedro Bandeira | Editora: Moderna | Coleção: Biblioteca Pedro Bandeira | Segmento: Emoções | 2009 - 2022 | ISBN: 978-85-16-04707-8 | Capa: Ricardo Postacchini | Álbum de Capas da Coleção |

Capa do livro De punhos cerrados, de Pedro Bandeira (Editora JPA, 2009)
De punhos cerrados | Pedro Bandeira | Editora: JPA | 2009 | ISBN: 978-85-60772-41-4 | Capa: Axel Sande |
Nota: Edição selecionada para o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) de 2009, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação (MEC).

Capa do livro De punhos cerrados, de Pedro Bandeira (Editora JPA, 2008)
De punhos cerrados | Pedro Bandeira | Editora: JPA | 2008 | ISBN: 978-85-60772-41-4 | Capa: Axel Sande |

Capa do livro De punhos cerrados, de Pedro Bandeira (Editora Rocco, 2005)Contracapa do livro De punhos cerrados, de Pedro Bandeira (Editora Rocco, 2005)
De punhos cerrados | Pedro Bandeira | Editora: Rocco | 2005 | ISBN: 85-325-1823-0 | Capa: Axel Sande |

Capa do livro Na colmeia do inferno, de Pedro Bandeira (Editora Moderna, 1991)Contracapa do livro Na colmeia do inferno, de Pedro Bandeira (Editora Moderna, 1991)
Na colmeia do inferno | Pedro Bandeira | Editora: Moderna | Coleção: Veredas | 1991 - 1997 | ISBN: 85-16-00510-0 | Capa: Roko | Ilustrações: Roko (Osnei Rocha) | Álbum de Capas da Coleção |

Capa do livro De Piolho a Garrote, de Pedro Bandeira (Editora Atual, 1984)
De Piolho a Garrote | Pedro Bandeira | Editora: Atual | Coleção: Morena | 1984 - 1987 | Capa: Rui de Oliveira | Ilustrações: Rogério Borges | Álbum de Capas da Coleção |

Personagens:
| Eduardo "Dudu" "Caramujo"* "Garrote" | Ana "Nhá Nana" (avó de Eduardo e dona da fazenda) | Santelmo Braz Martim de Oliveira "Velho Santinho" (avô de Eduardo) | "Carne Seca" (capataz da fazenda) | Cipriano (empregado da fazenda) | "Ritinha" (filha de Cipriano) | "Tampinha" (peão da fazenda) | "Nhô Tadeu" (fazendeiro vizinho) | "Nhonofre" (dono da venda) | Jurema "Maria" (cozinheira da fazenda) | Madalena "Dita" (copeira da fazenda) | Amélia "Antônia" (arrumadeira da fazenda) | Juvenal (peão da fazenda) | Tiãozinho (menino da fazenda) | Alzira (tia de Eduardo, irmã de seu pai) | Arnaldo (marido de Alzira) | Mariana (mãe de Eduardo e filha de Nhá Nana) | pai de Eduardo | diretor da escola | motorista do ônibus | Asa Negra (cavalo) | Manchinha (vaca) | Crespinha (égua) |
*Nas edições publicadas como De Piolho a Garrote (1984) e Na colmeia do inferno (1991), o apelido de Eduardo em São Paulo é Piolho, sendo alterado para Caramujo nas edições publicadas como De punhos cerrados (2005) e Garrote, menino coragem (2009). Já Garrote, presente em todas as edições, é o apelido que ele recebeu na Fazenda do Encantado, quando mudou-se para Goiás.

Locais:
| Brasil (país) | São Paulo (estado) | São Paulo (cidade) | escola | Cumbica (aeroporto) | Estrada de Santos (rodovia) | Santos (cidade) | Gonzagsa (rio) | Goiás (estado) | Encantado (fazenda) |

Conteúdo (20 capítulos):
 1 | Piolho
 2 | O cerrado 
 3 | O velho Santinho
 4 | Nhá Nana
 5 | O Encantado
 6 | Vaqueiros
 7 | Agregados
 8 | Ritinha
 9 | Asa Negra
10 | Carne Seca
11 | Luar
12 | Cipriano
13 | Fugitivos
14 | Cobra
15 | A febre
16 | Roubo
17 | Castigo
18 | O mar
19 | O maior vaqueiro
20 | Garrote
Nota 1: Em Na colmeia do inferno, alguns títulos dos capítulos foram levemente alterados: capítulo 2 para "Cerrado", capítulo 3 para "Velho Santinho", capítulo 6 para "Boiadeiros" e capítulo 19 para "O maior caveleiro do mundo".
Nota 2: Em De punhos cerrados, o autor dividiu o livro em 40 capítulos sem títulos. A mesma estrutura foi mantida em Garrote, menino coragem.
[fonte: tese de Luci Haidee Magro]

Resenha:
    Caramujo é o apelido de Eduardo, um menino que de alguma maneira parece não se adequar ao ambiente da escola em que estuda. Misterioso, silencioso, retraído, ainda assim se destaca jogando futebol e não tem medo de uma briga. Uma tragédia inesperada, porém, fará com que a vida do garoto se transforme brutalmente: ele perde os pais num acidente de carro e tem de se mudar para a fazenda erma no centro-oeste do país, onde mora sua avó Ana, O Encantado. É nessa terra tão diferente de tudo aquilo que conhecera em São Paulo que o garoto se aproximará do sábio Velho Santinho, que lhe batizará com a alcunha de Garrote: bezerro de três anos, bicho nervoso, sempre obstinado. Logo Eduardo/Caramujo/Garrote começará a entender que nessa terra a palavra de Nhá Nana, sua avó, é lei; aquele que vai contra essa palavra se expõe à crueldade sem igual do carrasco Carne Seca. A vontade do menino da cidade de abandonar essa terra estranha e essa avó autoritária será pouco a pouco desviada pelos encantos da delicada Ritinha, menina analfabeta, tão diferente de suas colegas de escola. E, pouco a pouco, à medida que se revelam a ele os mistérios do Encantado e os segredos ocultos da sua família, Garrote/Eduardo decidirá quebrar as regras para acabar com o mundo de desmandos e injustiça.
    Por meio da trajetória de Garrote, Pedro Bandeira de algum modo evoca o momento difícil de transição que atravessamos na passagem da infância para a idade adulta: sem a proteção dos pais, longe do ambiente conhecido da escola, o garoto passa por um período de profunda indefinição, repleto de dúvidas e conflitos dolorosos, até que, depois de redescobrir suas raízes mais remotas, Eduardo reconhece a própria identidade. Trata-se de um momento em que a descoberta da própria subjetividade se associa ao reconhecimento de uma realidade exterior que nos ultrapassa: menino de São Paulo, Garrote irá descobrir um Brasil que desconhecia, um Brasil arcaico e rural, onde os conhecimentos que adquirira no colégio servem pouco, muito pouco. Do reconhecimento de uma realidade exterior muitas vezes opressiva, nasce a necessidade de posicionar-se em relação a ela: temos a opção de tornarmo-nos cúmplices do estado de coisas vigentes ou de tentar transformá-lo. O personagem de Pedro Bandeira opta pela transformação.
[fonte: Projeto de Leitura, editora Moderna]

Adaptação em Áudio:
De punhos cerrados | Pedro Bandeira | Editora: Biblioteca Louis Braille | 2007 | Mídia: CD | Duração: 4h | Narração: Rita Aparecida Bettini Pereira |

Adaptação em Braille:
De punhos cerrados | Pedro Bandeira | Editora: Biblioteca Louis Braille | 2010 | Volumes: 4 | 

Trabalhos Acadêmicos:
    A tese de 2011 Uma literatura em busca de seus leitores: a produção infantojuvenil de Pedro Bandeira, de Luci Haidee Magro, analisa detalhadamente o livro (páginas 182 a 282), inclusive indicando as alterações efetuadas em cada relançamento do livro com os novos títulos, conforme mencionado no Resumo do referido trabalho: "O presente estudo, organizado em dois volumes, analisa seis narrativas juvenis de Pedro Bandeira (1942), organiza a bibliografia completa das obras de Pedro Bandeira desde 1976 a 2010 e agrupa um conjunto de 50 entrevistas concedidas por este autor durante o período ora observado. As narrativas analisadas são: De piolho a garrote (1984); A marca de uma lágrima (1986); O fantástico mistério de Feiurinha (1986); Na colmeia do inferno (1991); De punhos cerrados (20025) e Garrote, menino coragem (2009). Estas três últimas narrativas correspondem à reescrita do título de 1984. A análise descritiva destes quatro títulos que correspondem sempre a uma mesma história possibilitou a discussão das diferenças e semelhanças entre as quatro versões e permitiu levantar algumas das razões pelas quais nenhum deles obteve o sucesso de mercado e a crítica favorável alcançados pelos dois títulos lançados em 1986, apesar dos esforços do escritor para que isso ocorresse, reescrevendo continuamente a história original. A análise das narrativas foi realizada com base em conceitos de teóricos da literatura como: Gerard Genette, Claude Brémond, Algirdas Julien Greimas, Vladimir Iakovievich Propp, Tzvetan Todorov, dentro outros."
Nota: Tese orientada por Dr. João Luís Cardoso Tápias Ceccantini, para obtenção do título de Doutor em Letras, na área de Literatura e Vida Social, pela Faculdade de Ciências e Letras de Assis, da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
[fonte: tese de Luci Haidee Magro]
    A monografia de 2014 De Piolho a Garrote: a palavra como prisão e libertação, de Marlete Pereira Santana, compara a narrativa do livro e o período de Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), conforme mencionado no Resumo do referido trabalho: "Esse trabalho analisa o romance De Piolho a Garrote, de Pedro Bandeira, buscando inicialmente fazer uma analogia entre a obra e o período ditatorial brasileiro e, pouco a pouco, ampliando esse olhar para a questão da repressão, que tem na palavra e no objeto negligenciado a possibilidade de dizer e, portanto, romper com o interdito. A obra é ainda analisada sobre seu ponto de vista contemporâneo, e olhada como um arquivo, aqui chamado de arquivo contemporâneo, devido às suas reescritas, característica do autor, que funcionam como gavetas que, ao serem abertas, não só possibilitam o compartilhamento de informações antes omitidas, como também apontam para uma maturidade estilística. Não se pode deixar de lado a questão do autor, que compartilha com o leitor sua inquietação em relação à sua própria obra. Nesse processo, são usadas as teorias de Michel Foulcault sobre as prisões e os dispositivos de repressão, Giorgio Agamben e sua concepção de contemporâneo, e Jaques Derrida e sua concepção de arquivo." 
Nota: Monografia orientada por Dra. Geruza Zelnys de Ameida, para conclusão do Curso de Especialização em Literatura, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
[fonte: monografia de Marlete Pereira Santana]

Fontes:

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