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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Luiz Antonio Aguiar: Os marcianos (2021)

Fichamento por: Daniel Medeiros Padovani, 30/09/2021.
Os marcianos é um livro juvenil de ficção científica, relacionado a temática exploração espacial, do escritor brasileiro Luiz Antonio Aguiar, publicado originalmente no Brasil em agosto de 2021 pela editora Ática. | Álbum de Capas do Autor |

Nesta história, o tempo é o futuro e o local é Marte! E pouco se sabe, ou melhor, muito se sabe e quase nada se conta sobre o passado. O Manual não permite que ninguém o explore, afirma que: “Marte é nosso presente e futuro; o passado, o Planeta Natal, extirpado de nossas vidas, foi a Terra”. Zás, Beca e D.K.O. levam o leitor a embarcar em uma aventura para descobrir o que está por trás desse mistério que ficou guardado nos primórdios da ocupação do Planeta Vermelho! Prepare-se para viajar por anéis tubulares, estações espaciais, esferas douradas, astronaves, escavações arqueológicas e muito mais! Com um tom enigmático e divertido, Os marcianos é uma ficção científica repleta de referências históricas, geográficas e literárias, que também traz à tona discussões sobre censura, agorafobia e reclusão dos jovens causada pelo universo virtual que os envolve. [fonte: Coletivo Leitor]

Os marcianos | Luiz Antonio Aguiar | Capa |
Os marcianos | Luiz Antonio Aguiar | Editora: Ática | Coleção: Vaga-Lume | Agosto 2021 | ISBN-13: 978-85-08196-06-7 | Capa: Sapo Lendário (ilustração) | Capa: Marcelo Martinez (leiaute) | Conteúdo Adicional: Saiba mais sobre Luiz Antonio Aguiar | Álbum de Capas da Coleção |

Outras informações:

Personagens: | César "Zás" | D.K.O. | Beca | Marco Antônio "Professor Marola" (professor de História) | Tônia (bisavó de Zás) |

Locais: | Marte (planeta) |

Conteúdo: O livro é dividido em 4 partes, que são subdivididos em 29 capítulos.
  • Parte I - A Colônia
 1 | O Manual
 2 | Zás
 3 | Tônia 004α
 4 | D.K.O.
 5 | "Antecedentes"
 6 | Beca
 7 | O arqueólogo
 8 | O passado está presente
 9 | O desconhecido
  • Parte II - No Monte Olimpo
10 | O sonho
11 | O Colegiado
12 | Novidades no Monte Olimpo
13 | Motim
14 | Ísis
15 | Antes de dormir
16 | O mapa
  • Parte III - A Caverna
17 | Pânico
18 | Os buracops
19 | Dentro do vulcão
20 | A placa
21 | A dra. Tônia 004α, arqueóloga
22 | O labirinto
23 | Somente meia hora
  • Parte IV - Zuopt!
24 | Terra chamando
25 | Diferentes verdades
26 | A renúncia
27 | Os marcianos
28 | O multiverso e as cascas de nozes
29 | O futuro, presente do passado

Resenha: O espelho da ficção (por Ligia Maria Marques)
    A narrativa de Os marcianos começa na sala de aula, um ambiente bastante identificável pelos estudantes, que nas primeiras linhas talvez ainda não percebam a grande diferença: essa aula da ficção fica em outro planeta, aliás – Marte. É uma pergunta que remove a aparente naturalidade das primeiras linhas e que também se torna responsável por motivar os acontecimentos da narrativa: “Por que começamos a contar nosso tempo no ano um?”.
    A questão, que constrange o professor Marola – e está proibida de ser respondida pelo Manual escrito criado pelo comitê educacional da Colônia – é feita por Zás, o protagonista da trama marciana. A curiosidade do garoto faz com que ele conheça Beca, fortaleça a sua amizade com D.K.O. e encontre a história de seus antepassados, como a da bisavó Tônia. A busca por respostas, propositadamente omitidas, é o fio condutor da aventura adolescente que, em paralelo, abriga a luta dos adultos, como a do avô e da mãe de Zás, para mudar a maneira como a Colônia é governada e para que todos os colonos tenham acesso aos reais acontecimentos que marcaram a sua fundação.
    O ambiente inóspito de Marte, a organização da colônia, a memória distante de uma vida no planeta Terra e as tecnologias avançadas criam um universo extremamente distante da realidade presente dos alunos, mas repleto de conflitos e situações com as quais eles irão se identificar. As “mentiras” narradas nessa ficção permitem que muitas verdades sobre a realidade do nosso mundo e identificações da juventude sejam desveladas. Por conta disso, propomos que o (...) trabalho com Os marcianos seja baseado na dualidade entre ficção e realidade e nas diversas camadas de sentido que ela pode gerar em uma leitura literária.
    É importante que (...) os estudantes possam reconhecer que a ficção, muitas vezes, age como espelho da realidade, ainda que pareça distante dela, como afirma o autor peruano Mario Vargas Llosa (2004). Ele afirma que os romances mentem, porém essa é só uma parte da história. Mentindo, expressam uma curiosa verdade, que somente pode se expressar escondida, disfarçada do que não é. No entanto, trata-se de algo muito sensível. Os homens não estão contentes com o seu destino, e quase todos gostariam de ter uma vida diferente da que vivem. Para aplacar esse apetite de algum modo surgiu a ficção. [fonte: Projeto Pedagógico]

Resenha: Censura e uma nova história (por Ligia Maria Marques)
    Por trazerem à tona aspectos humanos que reconhecemos em nossa própria sociedade, os gêneros fantásticos tornam-se plataformas ricas para discutir questões políticas, sociais e humanas. (...) A história de jovens que descobrem a triste verdade de como se deu a migração dos seres humanos para Marte traça paralelos fortes com situações que já testemunhamos no nosso planeta e ainda persistem em alguns países: a censura a informações. O livro demonstra a importância de que um povo conheça de fato sua própria história. É apenas sabendo de onde viemos que poderemos decidir com mais segurança para onde queremos ir.
    A experiência de viver uma farsa social não é exclusividade dos personagens de Os marcianos. Tal premissa já fez parte de 1984, romance de George Orwell publicado em 1949. No clássico distópico, o protagonista trabalha para um governo autoritário e controlador. Sua função profissional é reescrever fatos históricos sempre que seu país entra em guerra com outro, para deixar os registros atualizados, com os inimigos difamados e os aliados elogiados. Na literatura infantojuvenil, o romance O doador (1993), sucesso de vendas entre o público jovem, também trava diálogos com essa questão. Nesse livro de Lois Lowry, o protagonista é Jonas, um jovem que vive em uma sociedade ao que tudo indica perfeita, mas que não passa de um jogo de aparências. Jonas é selecionado para uma função importante naquela sociedade: ele será o portador de todas as memórias das origens daquele povo e, com elas, precisará lidar com um maremoto de emoções, que são rechaçadas nessa falsa utopia. Em 2014, o livro foi adaptado para o cinema com o título O doador de memórias, dirigido por Phillip Noyce. 
    Infelizmente, esconder fatos históricos não é uma prática recorrente apenas na ficção. Historicamente, muitas sociedades recorreram a esse recurso, em busca de controlar o povo e mantê-lo na ignorância. Aqui no Brasil, acontecimentos tristes e violentos ocorridos durante a Ditadura Militar (1964-1985) só vieram à luz décadas depois, com a instalação da Comissão da Verdade (2011-2014). [fonte: Projeto Pedagógico]

Fontes:

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