Páginas

Capas dos primeiros livros infantis de Monteiro Lobato (década de 1920)

Desenho introdutório de Voltolino para o livro A menina do narizinho arrebitado, 1920

"Que é que as nossas crianças podem ler? Não vejo nada. (...) É de tal pobreza e tão besta a nossa literatura infantil, que nada acho para a iniciação de meus filhos".
(Monteiro Lobato)

É impossível pensar em literatura infantil brasileira sem vir à mente o nome de Monteiro Lobato. José Renato Monteiro Lobato nasceu em nasceu em 18 de abril de 1882 (e em homenagem a ele que comemora o Dia Nacional do Livro Infantil em 18 de abril) na cidade paulista de Taubaté. Após receber do pai uma bengala que tinha as iniciais J.B.M.L. gravadas, mudou seu nome para José Bento. Em 1904, diplomou-se bacharel em Direito e em 1908, casou-se com Maria Pureza da Natividade de Souza e Castro, a Purezinha, com quem teve quatro filhos (Marta, Edgar, Guilherme e Rute). O grande escritor veio a falecer às 4 horas da madrugada do dia 4 de julho de 1948, aos 66 anos, após um espasmo cerebral.

Sua estreia em literatura infantil aconteceu em dezembro de 1920 com o lançamento do livro A menina do narizinho arrebitado. Com apenas 43 páginas e ricamente ilustrado pelo paulistano Voltolino (João Paulo Lemma Lemmi, 1884-1926), o livro logo se tornou um grande sucesso, esgotando-se rapidamente. O livro narra as aventuras de um órfã (Lúcia), neta de uma triste idosa (o personagem não é identificado por nome na narrativa). Elas moram num sítio, junto com a cozinheira negra Anastácia. Lúcia tem o terno apelido de Narizinho Rebitado. Todas as tardes, Lúcia, a menina do narizinho arrebitado, vai passear com sua boneca de pano, Emília, no ribeirão que passa no fundo do pomar do sítio de sua avó. Num certo dia, depois de dar comida aos peixinhos, ela conhece um besouro de casacão e o Príncipe Escamado, rei do Reino das Águas Claras, que a convida para conhecer seu reino. Lá ela conhece personagens fabulosos e inacreditáveis, mas no final acorda desse fantástico sonho.

Com o sucesso do livro, Lobato decidiu lançar uma coletânea de 29 fábulas dos fabulistas Esopo (Grécia, século VI a.C.) e Jean de La Fontaine (França, 1621-1695). O livro é lançado em 1921 com o título Fábulas de Narizinho. Apesar do título do livro, Narizinho não é citada em nenhum momento. O livro apenas apresentava as fábulas, e talvez Lobato tenha usado o nome de Narizinho como estratégia para vendar mais livros, devido ao sucesso do livro anterior, A menina do narizinho arrebitado.